coroa de framboesa e chocolate/chocolate raspberry…

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2020 foi um ano difícil para todos, porém a nossa saga começou em 2019, com um caso de burnout na família. Irónicamente consequência de mobbing numa empresa considerada “a mais feliz para trabalhar”. Lugar possível graças a manobras de marketing e do “descarte” dos mais experientes, substituídos por mão de obra jovem e barata. Após esta desumanização, que muitos da nossa geração passaram e passam [enquanto existirem seres execráveis que a tudo se prestam], veio a pandemia, ou sindemia.
Embora 2020 começasse com a esperança e os planos de um novo ano, bastaram dois meses para tudo mudar. Será lembrado como o ano de todos os perigos e desafios, do refrear de gestos inatos, do repensar de acções e até do medo de respirar. O adquirido deixou de o ser e na cozinha com falhas de compras online, improvisou-se, evitando a todo o custo as saídas.
Aproveitei ao máximo esta jornada, aprendendo novas artes e apoiando quem tanto precisou. Valorizei morar num país de primeiro mundo e senti angústia pelos amigos que fiz no Brasil, país que faz parte de quem sou e hoje é [des]governado por um psicopata.
Tempos que não imaginámos viver, que nos puseram à prova e revelaram o melhor e o pior de cada um. Tornou-se um hábito bater à porta da vizinha, para saber como estava, surpreendi-me com a generosidade inesperada de estranhos e deparei-me também com falta de civismo. Mas com esses não há tempo a perder, se ninguém os educou…
Prefiro enaltecer o melhor do ser humano, a solidariedade que atenuou tanta solidão, o esforço sobre humano e heróico dos profissionais de saúde, muitos deles separados das famílias. E das pessoas, que no pico da pandemia se expuseram, como os carteiros, os bombeiros e muitos outros, permitindo que as nossas vidas continuassem no conforto e segurança do lar.
O ano terminou com o milagre da vacina e a esperança renasceu, mas o caminho ainda é longo, até podermos abraçar de novo, sem máscara e sem receio. As memórias de várias gerações ficarão marcadas pela perda de familiares e amigos e pelas vivências de confinamentos e isolamentos forçados.
Após o primeiro revi alguns amigos, de máscara no jardim. Mas senti a falta de partilhar refeições com eles.
A cozinha tornou-se o ponto de encontro e união da nossa família. E foi num dia difícil dessa época, que fiz estas coroas, para confortar estômagos e animar almas. Tiveram o efeito desejado e incrementaram intensidade a uma receita habitual .

massa para 9 unid pequenas ou 1 grande
350ml de leite gordo
60g de açúcar
10 sementes de cardamomo esmagadas
85 g de manteiga sem sal
7g fermento seco para pão
1 ovo médio
500 g de farinha simples, mais extra para polvilhar
1 c. de chá de sal

Recheio
4 c. sopa de doce de framboesa e chocolate
2 c. de chá de canela em pó misturada com 2 c. de chá de açúcar

Numa caçarola aqueça o leite com o açúcar e o cardamomo. Adicione a manteiga , retire do calor e deixe em infusão 4 a 5 minutos. Coe para um jarro, e arrefeça. Quando estiver morno, adicione o fermento e o ovo e misture bem.
Peneire a farinha para uma tigela grande com o sal e faça uma cova no centro. Adicione o líquido e misture com as mãos até agregar. Se estiver um pouco seco adicione leite, se estiver muito fluído adicione farinha. Só a necessária para a massa não resultar seca.
Numa superfície de trabalho levemente enfarinhada, amasse durante 5-10 minutos até ficar lisa e elástica. Transfira para uma tigela, cubra com um pano limpo e deixe num lugar quente por cerca de uma hora ou até duplicar de volume.
Vaze a massa com os dedos e coloque numa superfície levemente enfarinhada. Com o rolo forme um retângulo com 30cm x 60cm, com o lado maior virado para si. Apare os lados e divida em 3 partes no sentido do comprimento e da largura, de modo a obter 9 rectangulos. Espalhe o doce uniformemente sobre a massa e polvilhe com a mistura de canela, deixando uma borda de 2 cm em cada rectângulo, no lado maior mais perto de  si.
Enrole a massa firmemente de cada rectângulo, a partir do lado maior, mais distante de si. Corte a massa dos 9 rolos ao meio longitudinalmente para expor as camadas. Se preferir, não corte uma das extremidades, torna mais fácil entrançar as coroas. Começando numa extremidade, cruze as peças uma sobre a outra, mantendo as camadas expostas para cima. Repita para todas.Transfira para um tabuleiro forrado com papel e forme cada grinalda ou coroa, dobrando as extremidades para debaixo da massa.
Tape com um pano limpo e coloque num lugar quente por uma hora, ou até duplicar de volume. Enquanto isso, aqueça o forno a 180ºC / 350ºF / Gas 4.
Coloque as coroas no forno aquecido e asse por  20 min, até que fique ligeiramente dourada. Retire do forno e transfira para uma grade metálica.

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Makes 9 small wreaths or 1(large)
350ml full-fat milk
60g caster sugar
10 cardamom pods, crushed
85g unsalted butter
1 x 7g sachet fast-action dried yeast
1 medium egg
500g plain flour, plus extra for dusting
1 tsp salt

filling
4 tbsp raspberry-chocolate  jam
2 tsp ground cinnamon mixed with 2 tsp caster sugar

Warm the milk in a pan with the sugar and cardamom. Once steaming, add the butter and let it melt, then remove from the heat and leave to infuse for 4-5 minutes. Pour through a sieve into a jug, cool until only just warm, then add the yeast and egg and mix well.
Sift the flour into a large bowl with the salt and make a well in the centre. Add the liquid and mix with your hands until it comes together. If it is a little too dry add a splash more milk, and if it feels a little too wet you can add a little more flour, but err on the wetter side to avoid a dry dough.
Turn out onto a lightly floured work surface and knead for 5-10 minutes until smooth and elastic. Transfer to a clean bowl, cover with a clean tea towel and leave in a warm place for about an hour or until doubled in size.
Punch down the dough with your knuckles and turn out onto a lightly floured surface. Roll it out to a rectangle about 25 x 45cm, with the long side towards you. Spread the jam evenly over the dough and sprinkle with the cinnamon mixture, leaving a 2cm border on the long side closest to you.
Roll the dough up as tightly as you can, starting from the long side furthest from you. Slice the dough in half along its length to expose the layers. If you fancy, leave one end of the dough uncut as it makes it easier to twist the wreath without it all falling apart. Starting at one end, cross the pieces over each other, keeping the exposed layers uppermost and work down the length of the dough, Then transfer to a lined baking sheet and shape into a wreath, by folding the ends over each other to continue the plait.
Cover with a clean tea towel or lightly greased cling film and leave in a warm place for an hour, or until doubled in size. Meanwhile heat the oven to 180C / 350F / Gas 4.
Place the wreath in the heated oven and bake for 30-35 minutes until lightly golden, then remove from the oven and transfer to a wire rack to cool. 

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